• Em 2014, teve ampla repercussão na mídia o caso de três adolescentes de Bertioga, no litoral de São Paulo, hospitalizadas com fraqueza muscular nos membros inferiores horas depois de serem vacinadas. Todas as jovens se recuperaram em menos de uma semana, sem sequelas ou necessidade de tratamento específico. Os exames realizados durante o período de internação — físicos, de imagem (ressonância magnética/tomografia), eletroencefalograma e eletroneuromiografia — descartaram qualquer consequência física ou orgânica. A conclusão foi a de que os casos se trataram de reação psicogênica pós-vacinal, comum nesse grupo etário5. • Um estudo realizado entre 2005 e 2010, com mais de 21 mil adolescentes vacinadas contra o HPV e 180 mil não vacinadas, demonstrou que a vacina não induz comportamento sexual de risco6. • O HPV é extremamente comum: estimativas apontam que a probabilidade de infecção em algum momento da vida é de 91,3% para homens e 84,6% para mulheres. Mais de 80% das pessoas de ambos os sexos contraem o vírus antes dos 45 anos7. • Dados preliminares do “Estudo POP-Brasil: resultados e ações para o enfrentamento da infecção pelo HPV”, realizado em 26 capitais e no Distrito Federal, demonstraram a presença do vírus em 54,6% dos participantes. A idade média dos entrevistados foi de 20,6 anos. A maioria informou estar em uma relação afetiva estável: 41,9% namorando; 33,1% casados (ou morando com o(a) parceiro(a)). O restante estava sem relacionamento8. • Há cerca de 150 tipos de HPV, dos quais por volta de 13 são capazes de causar câncer9. O HPV está relacionado a 99% dos casos de câncer de colo de útero, 63% dos casos de câncer de pênis, 91% dos casos de câncer de ânus, 75% dos casos de câncer de vagina, 72% dos casos de câncer de orofarinfe e 69% dos casos de câncer de vulva10. O vírus também pode acarretar verrugas genitais, importante problema de saúde pública. • Diante da constatação de que praticamente todos os registros de câncer de colo de útero são atribuíveis ao HPV, é importante frisar que, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 6.385 mulheres morreram devido a esse tumor maligno em 2017. A estimativa de novos casos é de aproximadamente 16.000 por ano11. • O Brasil tem, em 2019, duas vacinas HPV licenciadas: a bivalente, que previne os tipos 16 e 18; e a quadrivalente, que previne os tipos 6, 11, 16 e 18. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece a vacina quadrivalente para meninas de 9 a 14 anos, meninos de 11 a 14 anos e indivíduos de 9 a 26 anos de ambos os sexos nas seguintes condições: convivendo com HIV/Aids; pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia; transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea.
A análise de 65 estudos envolvendo dados de 60 milhões de pessoas em 14 países verificou que15: o De cinco a oito anos após a introdução da vacina quadrivalente no sistema público houve redução de prevalência do HPV 16 e 18 em 83% nas meninas de 13 a 19 anos; 66% nas mulheres de 20 a 24 anos; e 37% nas mulheres de 25 a 29 anos. o De cinco a nove anos após a introdução da vacina quadrivalente no sistema público houve queda de 51% das lesões pré-cancerosas grau II no colo do útero (NICII) em meninas de 15 a 19 anos; e 31% nas mulheres de 20 a 24 anos.
o De cinco a oito anos após a introdução da vacina quadrivalente no sistema público houve queda de 67% nas verrugas genitais em meninas de 15 a 19 anos; 54% nas mulheres de 20 e 24 anos; e 31% nas mulheres de 25 a 29 anos. No que diz respeito ao sexo masculino, as ocorrências foram 48% menores em meninos de 15 a 19 anos; 32% em homens de 20 a 24 anos; e 31% em homens de 25 a 29 anos.
Em resumo, as vacinas que previnem o HPV são seguras, eficazes e, na prática, podem ser consideradas vacinas capazes de prevenir o câncer. Ações que tentem desacreditá-las, especialmente partindo de profissionais da saúde, devem ser vistas com grande preocupação, pois se tratam de um desserviço e de uma ameaça à saúde pública.
Fonte: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/902-comunicado-vacina-hpv-sbim-sbp-sbi-febrasgo